Os transtornos alimentares são descritos atualmente como a expressão patológica que o indivíduo estabelece em sua relação com a comida. O DSM IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) relaciona os subtipos desta categoria, na qual estão incluídas, a anorexia e bulimia nervosas dentre outros. Nesta matéria nos limitaremos à discussão da anorexia e bulimia nervosas por serem as formas mais representativas dentre estes transtornos.
A pessoa que sofre de anorexia nervosa, expressa um medo mórbido de engordar, o que implicará numa diminuição gradual até uma recusa total de ingestão do alimento. Ao ver-se no espelho, o anoréxico enxerga uma imagem distorcida de seu corpo. Peso e forma são bem maiores se comparados à percepção que outros têm dele. Em função desta percepção diferenciada de sua imagem, o anoréxico tem dificuldade em manter-se num peso mínimo, o que ao longo do tempo poderá provocar severas complicações ao seu organismo. Em quadros mais comprometidos podemos observar: desnutrição, amenorréia (ausência de menstruação na mulher), anemia, fraturas ósseas, infertilidade, diminuição da libido, úlceras pépticas e até óbitos em casos não tratados.
A bulimia nervosa, por sua vez, pode ser percebida através de episódios recorrentes de compulsão periódica, o indivíduo ingere num limitado período de tempo uma quantidade excessiva de alimento, adotando em seguida um comportamento compensatório, o que chamamos de purgação: força vômitos, faz uso indiscriminado de laxantes ou diuréticos, pratica exercícios físicos excessivos ou se expõe a jejuns prolongados. Recorre a estes artifícios para “se livrar” da comida ingerida, assim como, também da culpa sentida após a ingestão. Também apresenta um pavor desmesurado em imaginar-se com um quilo a mais.
Em função da complexidade e gravidade clínica presente nestes casos faz-se necessária uma abordagem multidisciplinar/interdisciplinar: psicólogo, médico (psiquiatra e clínico) e nutricionista no acompanhamento destes indivíduos.
Ao psicólogo é destinado acompanhar o aspecto mais significativo e delicado destes transtornos – o comprometimento da auto-imagem corporal – e vale ressaltar que dificilmente será percebido algum tipo de evolução nestes quadros se não houver uma avaliação psicodinâmica deste aspecto, pois é preciso fundamentalmente compreender de que forma fora construída essa auto-imagem peculiar. Portanto, através do suporte psicoterápico, o indivíduo tem a possibilidade de ressignificar sua relação com o próprio corpo, redesenhando o percurso que o levou a este lugar - “anoréxico/bulímico” - e tendo a possibilidade de assumir um outro, numa relação mais saudável consigo, com a comida e com o mundo em geral.
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Comentários
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Este artigo reflete o que nós com disturbios alimentares passamos e nos ajuda ver que este quadro pode ser mudado. Vou a partir deste artigo proucurar ajuda e ter uma relação mais saudável comigo e com a comida .