Sintomas contemporâneos O que são e como tratar?
Publicado por: Daniela Pedrosa em 28/3/2012
Categoria: Psicologia
 
O QUE SÃO?

Vivemos num mundo no qual o avanço da tecnologia está em total descompasso com o avanço da subjetividade. A competição é a grande mola das relações contemporâneas, estimulando o individualismo. A Clinica se depara hoje com mal estar na cultura da qual Freud já falava em seu texto de 1930, “Mal Estar na Civilização”, e surgem novas formas de manifestação do sofrimento psíquico, o enfraquecimento dos laços sociais, provoca um sentimento de estranheza de si mesmo e uma dificuldade de gerir a própria vida, e o corpo é o local atingido pelo sofrimento e usado como plataforma de expressão e reivindicações de reconhecimento e de afeto.

A sociedade moderna não tem conseguido cumprir suas promessas de felicidade, nos deparamos com uma sociedade que impõe uma série de normas que diz como viver, o que desejar, e padroniza comportamentos, ideais de beleza, felicidade e saúde, a necessidade de consumo se constitui o alívio para todos os males. O sujeito moderno responde as exigências da realidade de forma padronizada, de acordo com aquilo que a civilização espera dele, “sorria, você esta sendo filmado...” e nesse contexto a toxomania, os distúrbios alimentares como a abesidade, anorexia, bulimia, os ataques de pânico, e a depressão, respondem por esse mal estar, os quais se referem não mais a um questionamento dos sujeitos sobre o que lhes falta, mas a uma busca frenética pelos objetos que prometem eliminar qualquer espécie de mal-estar. A oferta de objetos parece interminável, nota-se que as pessoas se queixavam por não conseguirem atingir os objetivos que perseguiam, hoje, ao contrário, se queixam ou nem se queixam mais, porém se angustiam pelas múltiplas possibilidades que se oferecem, e ate se impõe de forma sedutora, dos clones as cirurgias de mudança de sexo, implantes de todo tipo, verdadeiros milagres da industria da beleza, passando pelas mulheres que decidem fazer inseminação artificial, tudo é possível, tudo é permitido.Nesse contexto de consumismo, para inveja dos publicitários, as toxicomanias oferecem uma felicidade instantânea através de um produto, assim a droga se insere como objeto de consumo, onde principalmente o adolescente, incapaz de sustentar uma imagem socialmente idealizada, busca a eliminação de uma tensão, através de um vinculo de prazer com droga que o aprisiona na sua própria incapacidade de usar a linguagem para falar da sua angustia, assim evita pensar, agindo de forma compulsiva e automática.

Quanto aos transtornos alimentares, no caso da obesidade, vemos uma dinâmica relativa a uma busca de satisfação também rápida, e fixada no termo: comer ou não comer, eis a questão! O fato é que não comemos apenas para matar a fome, mas para satisfazer outras necessidades da vida, de modo que em todos os momentos em que a comida se torna um excesso, o alimento provavelmente esta atendendo a satisfação de outra necessidade que não a biológica. O alimento desde o nosso nascimento esta associado a afetividade da mãe para com o filho, de forma que ao representar um signo de amor, pode-se comer para se sentir amado, como pode representar uma vontade de viver, ou necessidade de satisfação, que se encontra limitada em seu exercício, são casos onde encontramos pessoas obesas com uma vida social bastante empobrecida, pois, mesmo quando se exerce uma atividade profissional se essa não é vivenciada como atividade prazerosa, as pessoas acabam se empanturrando nos fast-foods da vida, quase como uma compensação, pelo desprazer. Podemos observar que a lógica do corpo perfeito é o resultado das marcas da cultura pós-moderna, que potencializam o olhar sobre o corpo e a ditadura da boa forma. Podemos dizer que essa lógica tem marcado sua presença e atendido pelo nome de Anorexia e Bulimia.

Já o Transtorno de Pânico também chamado de ansiedade paroxística episódica é caracterizado pelos ataques recorrentes de ansiedade imprevisíveis, cuja sensação é de total desamparo capaz de produzir fantasias carregadas de ameaça de morte. Essa ansiedade é acompanhada de vários sintomas somáticos: palpitações, dor no peito, tontura, falta de ar, vertigens, sudorese excessiva, sensação de desmaio, formigamentos no corpo, ondas de calor e frio, náuseas, e outros. Em geral duram alguns minutos, raramente mais que uma hora. È estimado que o Transtorno de Pânico atinge cerca de 1 a 2 % da população, em geral inicia-se na adolescência ou no adulto jovem, sendo mais freqüente nas mulheres. A pessoa desenvolve uma ansiedade persistente, antecipatória da crise, sente dificuldade de enfrentar situações do cotidiano e passa a se sentir também incapaz de ir a lugares públicos (agorafobia), o que restringe sua vida a uma dependência praticamente infantil, fazendo perder autoconfiança, sua autonomia e convívio social.

Outro sintoma contemporâneo é a depressão, quase não encontramos alguém que já não tenha vivenciado essa experiência. A depressão aponta uma posição de enfraquecimento da capacidade de enfretamento das dificuldades e consequentemente a esquiva e a fuga das situações consideradas ameaçadoras para a pessoa.

COMO TRATAR?

As psicopatologias contemporâneas são consequências do fracasso psíquico dos indivíduos diante do mundo idealizado das belas imagens, do culto ao corpo perfeito e do sucesso profissional, então se o sujeito não atinge os ideais proclamados pela sociedade, nada mais lhe resta senão sua condição de exclusão, e de doente.

A Potencia da Clinica esta em se constituir espaço de reinvenção, ensaio, experimentação, lugar da renovação da escuta e do olhar, objetivando abrir caminhos para que a pessoa acometida por esses transtornos possam criar formas próprias e singulares de enfrentar as questões afetivas e porque não dizer conflitavas da sua vida. Cabe ao profissional caminhar de forma comprometida com o sujeito em sua singularidade, no sentido da construção de um novo saber sobre si mesmo e de novas saídas para suas questões. Considerando-o como porta-voz da sua historia e cultura, pois ao assumir a própria historicidade o sujeito é capaz de reinventar o seu modo de estar junto à família, nas instituições e na sociedade, assim, pouco a pouco, a expressão do sofrimento via droga, via comida, via isolamento, via pânico, vão sendo substituídas pela via da linguagem, com abertura para novas alternativas e possibilidades de lidar com a angustia, e descobrir novas saídas para si. O tratamento psicológico, nesses casos visa primeiramente acolher o sofrimento do pessoa, recuperando sua capacidade de se expressar utilizando a linguagem e a relação com o psicólogo como suporte para sua dor e meio para desenvolver os recursos necessários para libertar-se do circuito aprisionador do pânico. Há casos onde é preciso se servir dos medicamentos como coadjuvante no tratamento, no primeiro momento, no qual o sofrimento é intenso. Descobrir novas vias de satisfação é comprovadamente uma das ações que favorecem uma tomada de decisão no sentido da mudança, e estabelecimento de novos destinos para si,. Você já deve ter percebido que quando esta fazendo algo que realmente dá “tesão”, tudo fica mais fácil, só então é possível dizer não para aquilo que trás sofrimento e dano a saúde.



Sobre o Autor

Enviar Comentários

Para enviar comentários, é necessário estar logado.

   


Comentários (1)

Bela reflexão sobre problemas cotidianos. Texto bem elaborado. Acordar para aspectos, comportamentos - errôneos - e já introjetados no dia a dia e na mente humana se faz de suma importância para que venhamos a ter procedimentos mais inteligentes e saudáveis. Concordo com tudo que foi dito e parabenizo a autora.
Nome: Daniel Freire
Data: 4/4/2012

Artigos Destacados
Últimas Notícias
 
Destaque Profissional
 
 
Profissionais por Especialidades
 
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
RPG
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Profissionais por Bairros
 
Barra da Tijuca
Copacabana
Jacarepaguá
Leme
Recreio
Vargem Grande
Zona Sul
Artigos sobre Especialidades
 
Pesquisa
 
Termos