Quando um indivíduo é hospitalizado, quer por opção própria, quer não, essa opção promove a vivência de uma ruptura de pontos referenciais que acabam por gerar sofrimento, sensação de abandono, medo do desconhecido, fantasias e temores.
O processo de reabilitação da pessoa que foi acometida por um AVC envolve uma série de conflitos, em decorrência do estado emocional do indivíduo e da necessidade de alterações no desempenhode seus papéis, bem como modificação de valores e modelos.
A família apresenta dificuldades emocionais frente à lesão, podendo manifestar atitudes de rejeição e/ou superproteção ao paciente.
As mudanças corporais e limitações da ação provocam reações psicológicas diversas: insegurança, depressão, isolamento, apatia e agressividade.
É importante para a família conhecer quais as etapas emocionaisque o paciente passa após a lesão:
1. Fase de choque: O paciente não percebe a sua problemática, encontra-se confuso, pode apresentar dificuldade na percepção, no pensamento e no raciocínio lógico.
2. Fase aguda ou de negação: O paciente começa a perceber a situação, mas de forma distorcida. Nesta etapa o paciente apresenta raiva e aparecem sintomas de ansiedade e depressão.
3. Fase de reconhecimento: Gradativamente através da constatação do seu quadro, do contato com outros pacientes e através das programações da equipe, o paciente começa a conscientizar-se da sua realidade.
4. Fase de adaptação: Nesta etapa, o paciente percebe a necessidade decolaboração para que seu quadro melhore e demonstra-se mais participativo. Sendo neste momento de fundamental importância a colaboração da família.
Como a família pode ajudar:
O suporte emocional das pessoas que o rodeiam e da família é fundamental. O mais importante é a pessoa sentir-se amada e apoiada.
Ser verdadeiro com o paciente. Todo o ser humano tem capacidade para se confrontar com a verdade, as pessoas não são de vidro, não se partem. Só falando dos fatos é que podemos lidar melhor com eles.
Valorizar a pessoa: compreendendo-a e respeitando-a.
Promover a independência.
Superproteger é desvalorizar a pessoa, responsabilizá-la e não reconhecer as suas capacidades.
O respeito pelo sofrimento é um fator que fortalece a relação.
ELIANA CRUZ É PSICÓLOGA E COLUNISTA CONVIDADA
(CRP: 05/6658)