“No campo da psicologia cognitiva brasileira ainda são poucos testes psicológicos específicos para avaliar problemas de aprendizagem”
Andreia Correa: As dificuldades de aprendizagem se referem a um termo global, que inclui diferentes causas relativas ao sujeito que aprende, aos conteúdos escolares, ao professor, aos métodos de ensino, ao ambiente físico e social da escola (Capellini et. al., 2004), bem como a alterações familiares, emocionais, motivacionais e de relacionamento interpessoal (Carneiro et. al., 2003). Rabelo (1993), citada por Capellini et. al.(2004) escreve que são obstáculos com os quais alguns alunos se defrontam durante o período de escolarização que se referem à captação ou assimilação dos conteúdos escolares. Podem ser passageiros ou não, podendo levar esses alunos ao abandono da escola, à reprovação, ao baixo rendimento, ao atraso no tempo de aprendizagem ou mesmo à necessidade de ajuda especializada. Devido ao caráter multideterminante as dificuldades de aprendizagem devem ser avaliadas por vários profissionais a fim de detectar quais fatores influenciam no baixo desempenho daquele aluno. Uma equipe multidisciplinar é essencial tanto na avaliação como na intervenção, pois possibilita maior desenvolvimento do potencial. No campo da psicologia cognitiva brasileira ainda são poucos testes psicológicos específicos para avaliar problemas de aprendizagem. Porém, uma boa avaliação deve englobar testes que avaliem habilidades linguísticas verbais e não-verbais, habilidades visoespaciais, atenção, memória visual e verbal, além de aspectos emocionais. A melhora no desempenho escolar pode ser observada após intervenção em terapia ou por meio de programas de estimulação cognitiva como o Programa de Enriquecimento Instrumental (PEI) de Feuerstein e o Programa de Promoção Cognitiva de Almeida. Estudos utilizando estes materiais têm mostrado mudanças no desempenho escolar de crianças com dificuldade de aprendizagem uma vez que atuam na reorganização das funções mentais e no processamento da informação. Por fim uma intervenção apresenta melhores resultados quando é feita a partir dos resultados da avaliação multiprofissional e quando há envolvimento da escola e da família.
ANDREIA BARROS É PSICÓLOGA E COLUNISTA CONVIDADA.
(CRP05/39439)
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