Como funciona o tratamento dentário para portadores de HIV e diabetes?
Publicado por: Marcello Paschoal Antunes em 28/3/2013
Categoria: Odontologia
A Bioproteção é uma preocuapção cada vez mais constante por parte dos que trabalham com tratamentos dentários.
Portadores de HIV
Marcello Antunes: A maioria dos pacientes portadores de HIV é totalmente assintomática. Esse é um dos motivos para se ter em mente que as medidas de bioproteção (proteção do paciente e profissionais de saúde contra infecções) devem ter um aspecto universal único para todos os pacientes. Durante algum tempo, a preocupação de infectar-se por um paciente soropositivo foi uma barreira psicológica limitante aos pacientes com o HIV ao tratamento odontológico. O paciente HIV positivo assintomático deve ser acompanhado clinicamente de modo preventivo e deve ser informado sobre as várias infecções oportunistas as quais está exposto. A observação do dentista é importante, pois cerca de 70% dos pacientes soropositivos desenvolvem alterações bucais devido à síndrome. Essas manifestações incluem doença periodontal, infecções bucais virais, fúngicas e bacterianas, lesões de tecidos moles - incluindo tumores. O dentista vai avaliar o estado de imunodepressão do paciente. Também vai relacionar os possíveis efeitos colaterais que podem ocorrer nos medicamentos usados pelo paciente. Um estudo objetivo do estado imunológico do paciente é dado pela contagem do CD4. A maioria dos pacientes está ciente da contagem mais recente. A contagem de CD4 acima de 500 nos informa uma resposta imunológica razoável. Abaixo de 200 indica um grave comprometimento imunológico. Desse modo, o dentista vai guiar o tratamento sob duas considerações principais: O nível de imunodepressão e os dados do hemograma. Muitos desses pacientes vão tolerar o tratamento de rotina sem problemas. No entanto, mesmo os pacientes assintomáticos podem facilitar a instalação de infecções após a manipulação bucal. Tanto a doença quanto a medicação utilizada (AZT e outras) podem causar leucopenia e granulocitopenia. Por isso, a profilaxia antibiótica pode ser necessária em procedimentos com risco de infecção ao paciente. De um modo geral, os pacientes HIV positivos podem e devem frequentar o consultório dentário para prevenção, para os tratamentos básicos (exodontias, tratamento de canal, restaurações, ortodontia, periodontia etc) assim como para os demais tratamentos funcionais e estéticos (implantes, troca de restaurações, clareamento) desde que sejam respeitados os limites.
Diabetes
Marcello Antunes: A diabetes afeta 79 em cada 1000 pessoas na idade acima dos 65 anos. Dessa forma, entre 3% e 4% dos pacientes adultos que se submetem a tratamento odontológico possuem diabete. Na rotina do dentista existem mecanismos para se tentar identificar os possíveis pacientes diabéticos - mesmo que esses não saibam da doença. Isso mostra a importância dessa desordem metabólica na saúde bucal. Os pacientes que sabem serem diabéticos serão pesquisados sobre o tipo da doença (juvenil ou adulto), a medicação que está utilizando e a presença de complicações (neurológicas, vasculares, renais ou infecciosas). O médico poderá ser consultado para esclarecimento do estado clínico. Desse modo, o paciente será anotado em um grupo de risco de acordo com as seguintes normas.
Pacientes de baixo risco:
Marcello Antunes: Esses têm um bom controle metabólico, não possuem complicações neurológicas vasculares ou infecciosas. Os níveis de glicose devem estar abaixo de 200mg/dl.

Pacientes de risco moderado.
Marcello Antunes: Encontram-se em um balanço metabólico razoável não possuindo história de hipoglicemia recente. Os níveis de glicose devem estar abaixo de 250mg/dl.
Pacientes de alto risco.
Marcello Antunes: Apresentam múltiplas complicações e história de hipoglicemia ou cetoacidose. Os níveis de glicose podem estar acima de 250mg/dl.

As principais preocupações do dentista durante o tratamento dentário consistem em:
- diminuição do estresse do paciente
- redução de risco de infecção
- controle da dieta

Os pacientes de baixo risco podem ser tratados sob esquema normal para quase todos os procedimentos odontológicos. Os pacientes de risco moderado deverão receber orientações sobre o controle da dieta. O dentista deverá ser cuidadoso no controle do estresse e no controle do risco de infecções. Os pacientes de alto risco podem ser submetidos a exames bucais após as medidas para a redução do estresse. Qualquer tipo de procedimento deve ser adiado até que suas condições médicas estejam estabilizadas. Uma exceção deve ser considerada quando um paciente cujo controle diabético está comprometido por uma infecção dentária ativa.

MARCELLO PASCHOAL ANTUNES É ODONTOLOGISTA E COLUNISTA CONVIDADO.
(CRO: 13608)



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