Márcia Lucas: Todos nós em algum momento de nossas vidas enfrentamos dificuldades e crises emocionais. Com as crianças não é diferente. Elas demonstram através de comportamentos diferenciados que algo não vai bem. Portanto é importante estar atento ao comportamento do filho para que se perceba a real necessidade da ajuda de um psicólogo.
As crianças expressam suas fantasias, seus desejos e seus medos por meio do brincar, meio pelo qual se comunicam com o mundo. Elas transmitem através desse brincar, sentimentos como: raiva, medo, tristeza, amor e ansiedade. O brincar para a criança é como o pensar para o adulto. Assim, o recurso lúdico nos auxilia a entrar no universo da criança e, dessa forma, ajudá-las a resolver seus conflitos inconscientes.
São inúmeras as razões que levam os pais a buscarem uma terapia para o filho: comportamentos agressivos, enurese noturna, hiperatividade, baixo rendimento escolar, inibição excessiva, dificuldade de interação, distúrbios alimentares e etc. Nesse sentido, todas elas nos direcionam para um sofrimento psíquico, indicando assim a possibilidade de trabalho para o psicólogo.
O trabalho clínico permite que a criança, em seu tempo, diante de suas possibilidades exprima suas dificuldades e angústias. O psicólogo, com objetivo de aliviar-lhe o sofrimento tende a ajudá-la, na medida do possível, a elaborar melhor suas dificuldades, ou seja, sentir-se melhor. A psicoterapia pode ajudar a criança a se desenvolver emocionalmente e aprender mais a respeito de si mesmo e de seu relacionamento com os outros.
No entanto é imprescindível a participação e a “presença” dos pais no processo de terapia do filho e a necessidade de que se promova um ambiente saudável onde a criança sinta-se segura, respeitada e amada. Em outras palavras: é fundamental o engajamento dos pais e que eles possam olhar para si mesmos, na tentativa de entender o que ocorre no contexto familiar. Além do que é neste engajamento da família como um todo que juntos, com o apoio de um profissional busquem maneiras adequadas para lidar com situações frágeis. E neste momento, não só os filhos têm a oportunidade de conhecer melhor seus próprios limites, mas os pais também avaliam, questionam e passam a constatar seus próprios limites no papel de educadores.
Sendo assim, vale ressaltar a importância de se identificar precocemente as dificuldades, as questões, pois assim podemos evitar as conseqüências na adolescência e na vida adulta, minimizando-a probabilidade de evolução para um quadro mais patológico.
MARCIA LUCAS É PSICÓLOGA E COLUNISTA CONVIDADA.
(CRP: 05/21341)