Narahyana Bom de Araujo: O declínio físico continuado, a maior frequência de patologias, perdas de amigos, familiares e cônjuges, perda da capacidade laboral, aposentadoria, questionamentos acerca da morte geram sentimentos de inutilidade, tristeza, desânimo e apatia que podem configurar um quadro depressivo. A depressão encontra-se como a doença psiquiátrica mais comum entre os idosos. No Brasil, estudos apontam taxas de prevalência que podem chegar até 14,3% e essa taxa pode ser ainda maior quando associada a doenças clínicas como doenças coronarianas, doença de Parkinson ou de Alzheimer.
Os idosos com depressão manifestam, em geral, sintomas similares a depressão nas demais idades, como humor deprimido e diminuição do interesse, perda ou ganho significativo de peso, alteração no sono, lentificação ou agitação psicomotora e fadiga. Vale aqui uma ressalva. Sentir-se triste ou ter diminuição do prazer diante de determinadas situações da vida pode ser uma reação natural. O sentimento de tristeza da depressão, entretanto, possui frequência e intensidade significativas a ponto de alterar o funcionamento da pessoa e aparece associado a outros sintomas.
Além dessas características, a depressão no idoso possui algumas particularidades. Podem estar presentes queixas somáticas, hipocondria, humor disfórico e alterações cognitivas. Por isso faz-se necessária uma cuidadosa avaliação psiquiátrica e psicológica e, quando necessário, um exame neuropsicológico para um correto diagnóstico.
O tratamento da depressão em idosos envolve o uso de medicamentos e a psicoterapia. A Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) é uma abordagem psicoterapêutica que tem apresentado excelentes resultados na melhora dos sintomas ou na remissão da depressão e ainda na prevenção de novos episódios. A prática regular de exercícios físicos, também é uma opção para prevenção e tratamento da depressão. Um tratamento conjugando duas ou as três opções terapêuticas supracitadas apresenta excelentes resultados.
O desenvolvimento de algumas patologias, como a depressão que destacamos, é frequente com o envelhecimento. No entanto, envelhecer não significa adoecer. É possível envelhecer com saúde e qualidade e acima de tudo, o tratamento de diversas patologias é possível, desde que diagnosticadas correta e precocemente.
NARAHYANA BOM DE ARAUJO É PSICÓLOGA E COLUNISTA CONVIDADA.
(CRP: 05/39294)