Tudo ao mesmo tempo e agora: crianças e a influência da tecnologia na vida dos pequenos
Publicado por: Karina Fatá Dahan em 9/6/2012
Categoria: Psicologia
 
Assim está o mundo hoje: cada vez mais a velocidade da informação neste século assume proporções maiores. Uma criança consegue, através de um videogame, se conectar com outra que mora na Suíça, ou, talvez, na Espanha.

Um jovem que usa um nome fake ou não, e que está ali para se distrair. Quando nossos pais, avós ou até bisavós distantes pensariam em se comunicar desta forma? A resposta seria unanime: NUNCA!

Há décadas, não muito longe, telefone era um meio de comunicação restrito e possível para poucos. Hoje, conseguimos não só ter o telefone sem fio, mas conversar pelo telefone, visualizando quem está falando. Em poucos anos de diferença, o avô senta na cadeira e escuta o neto atentamente e, entre uma conversa e outra, o neto diz: “Vovô! Não sabe? Procura no Google!”. E o avô atende ao neto com receio, dificuldade, e pasmo diante de tanta informação.

Diante da velocidade da tecnologia, somos transportados para outros lugares, conseguimos retirar, absorver informações antes muito difíceis. Conseguimos avançar em muitos campos da saúde e, cada vez mais, facilitar a vida das pessoas. Não coloco em dúvida os benefícios gerados. Porém, o que eu quero aqui é chamar atenção para alguns pontos importantes para a formação das crianças deste século e dos que virão.

O problema não está na tecnologia e sim no uso que fazemos da mesma. Qual a forma de uso? Qual o tempo que seu filho fica grudado na tela de um computador e do videogame? Em que ocasião ele prefere jogar bola com os amigos, soltar pipa ou nadar? Ele tem contato com outras crianças?

Assim, a criança ligada em tudo - celular, televisão, vários videosgames, ipods, pendrives, controle remoto da televisão, vídeo, televisão em high definition (HD), iphones, câmeras, redes sociais, salas de bate-papo, etc -, corre o risco de se isolar cada vez mais. Ela está virtualmente com os amigos, virtualmente nas salas, virtualmente nos games, no entanto, isolada.

Apesar de todo acesso às informações, esta criança chega da escola e tem seu mundo particular, sozinha, num quarto que comporta tudo o que ela precisa (ou acha que precisa). O risco que ela corre é de não ter um espaço para escutar suas reais necessidades, pois o contato virtual não facilita a constituição de sua subjetividade e, assim, fortalece o isolamento.

As crianças precisam de um espaço com outros amigos para se relacionar, para saber lidar com o outro real, onde ela possa colocar o que pensa, elaborar o que sente, criticar e criar possibilidades de agir no mundo diferente do virtual.


Observamos, também, que os ambientes familiares estão cada vez mais se transformando em lugares isolados dentro da mesma casa. O quarto onde a criança tem seu espaço de privacidade serve de mesa para almoço, jantar e também lugar de estudo - muitas vezes, ao lado do teclado. Para quê sair do quarto? Para quê interagir?
Vale ressaltar que as crianças correm risco de se isolarem cada vez mais e precisamos ficar atentos às consequências futuras, ao que isso pode gerar em termos de sintomas.

Imagine que esta criança dentro deste quarto, que de certa forma é seu mundo, é bombardeada de informações e conteúdos. Navega no Google, baixa vídeos no YouTube, sabe quais são as músicas mais tocadas e pretende fazer seu CD, faz download de filmes, etc. Só que, em algum momento, uma crise de ansiedade se apresenta muito forte, pois não tem tempo para fazer nada. Onde ela mesma não pode esperar e tem que dar conta de tudo que lhe é oferecido e responder a tudo (digamos que se comporte como quem está sempre online). Quando fica offline?

Contudo, essa criança passa a apresentar sintomas gerados por esta nova forma de viver, por este novo modo de pensar e gerir estas informações. Uma hiperatividade de nossa época nos faz repensar atualizar estes sintomas. Sintomas emergem nesta contemporaneidade em que vivemos.

Assim, acredito que possamos repensar os limites e os cuidados que temos com as crianças, pois esta multiplicidade de tecnologia e informações pode dar conta de muitas coisas no mundo, mas não da subjetividade e dos cuidados que cada um necessita.

KARINA A. FATÁ DAHAN É PSICÓLOGA E COLUNISTA CONVIDADA.
(CRP: 23438/5)










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