“O tratamento psicológico ou medicamentoso (psiquiátrico) existe como uma possibilidade de controle e de acolhimento da pessoa acometida pelo distúrbio”
Regina Canedo: Para entendermos se Pedofilia tem ou não cura primeiramente precisamos compreendê-la. Segundo a OMS, a pedofilia é classificada como uma desordem mental e de personalidade do adulto e também como um desvio sexual, ou pode ser definido como “preferência sexual por crianças”, quer sejam meninas ou meninos de um ou de outro sexo, pré púberes ou não. Considerada como uma perversão significa tornar-se perverso, corromper, desmoralizar, depravar. Seu emprego não é privilégio da psicanálise, sendo também empregado em psiquiatria e sexologia para designar as práticas sexuais consideradas como desvios em relação à norma social. A pedofilia faz parte de um grupo de distúrbios psicossexuais em que o indivíduo sente necessidade imediata, repetida e imperiosa de ter atividades sexuais em que se incluem, por vezes, fantasias com objeto não humano, auto-sofrimento ou auto-humilhação, sofrimento ou humilhação do outro, consentidos ou não, de uma pessoa, “parceiro”. Deste grupo fazem parte o exibicionismo, o fetichismo, o masoquista sexual, o sadismo sexual e o voyeurismo. Hoje se falar em cura é muito complexo. É o mesmo que falar em erradicação do problema, de afastar o que nós sociedade não queremos admitir como tal, como aconteceu na história da saúde mental no passado. Como podemos perceber, se tratando da pedofilia, existem vários fatores que podem levar uma pessoa a tais práticas. O tratamento psicológico ou medicamentoso (psiquiátrico) existe como uma possibilidade de controle da pessoa acometida pelo distúrbio. Através do processo terapêutico o indivíduo pode compreender mais sobre si mesmo e através de técnicas de enfrentamento, de dessensibilização, de terapia de grupo, do tipo AA, pode compreender suas tendências sexuais e aprender a identificar os chamados gatilhos, deflagradores da compulsão e com isso prevenir abusos diversos. Cabe lembrar que o tratamento deve ser de livre iniciativa, assim como é feito em quaisquer outras patologias.
REGINA CANEDO É PSICÓLOGA E COLUNISTA CONVIDADA.
(CRP/05Nº17302)