“Aquelas que não entram na corrida anti-idade podem sentir-se inseguras e vulneráveis ao sentimento de culpa, pois a idéia disseminada em nossa sociedade capitalista é a de que a conformidade com os padrões estéticos vigentes pode ser produtora de auto-estima”
Gisele Crespo: Mulheres de diferentes idades, inclusive as mais jovens demonstram preocupar-se com o envelhecimento. Muitas, ainda entre 20 e 30 anos, revelam manter rituais de embelezamento que retardam a evidência de sinais do tempo em seus corpos.Há uma intensa relação entre o feminino e a estética corporal que remonta a história da humanidade e se fortalece na sociedade contemporânea, na qual as mulheres têm travado uma batalha cansativa e infindável em busca de uma aparência idealizada. Em relação à beleza, há duas grandes obsessões da mulher contemporânea: a obsessão com o peso e a obsessão com a idade. O desejado ideal de beleza está ligado à magreza e à juventude. Desta forma, o envelhecimento pode ser percebido pelas mulheres como a finitude destes ideais. Aquelas que não entram na corrida anti-idade podem sentir-se inseguras e vulneráveis ao sentimento de culpa, pois a idéia disseminada em nossa sociedade capitalista é a de que a conformidade com os padrões estéticos vigentes pode ser produtora de auto-estima. Entretanto, devemos questionar a estética corporal como única fonte de auto confiança e realização pessoal. A busca pelo prolongamento da jovialidade pode revelar uma busca pela felicidade, que levada ao extremo pode causar transtornos físicos e psíquicos. Antes de submeter-se a novos tratamentos estéticos cosmetológicos ou cirúrgicos é importante que a mulher avalie seus reais objetivos. Devemos, também, levar em consideração que nossa cultura não percebe o idoso como mais sábio e experiente, como no Japão por exemplo. Ele é percebido como obsoleto e desprovido de conhecimento a respeito dos avanços tecnológicos.
GISELE CRESPO É PSICÓLOGA E COLUNISTA CONVIDADA.
(CRP/05:40034)
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