“(...)Sigmund Freud foi o criador da psicanálise e é impossível falar em manifestação da sexualidade infantil sem nos remetermos a ele.”
Renata Cunha: Tentarei abordar esse assunto da maneira menos técnica possível para que todos possam compreender seu conteúdo, pois todas as crianças passam por essas fases. Vocês recordam o jargão “Freud explica”? Então, Sigmund Freud foi o criador da psicanálise e é impossível falar em manifestação da sexualidade infantil sem nos remetermos a ele. Para Freud, a sexualidade infantil se divide em fases: fase oral, fase anal, fase fálica, fase de latência e fase genital. É importante lembrar que a faixa etária é parâmetro, é indicador, mas cada criança se desenvolve de maneira particular. A primeira fase vai de 0 a 2 anos, e nela verificamos a intensidade da oralidade para o bebê, que leva tudo a boca, indistintamente, além de explorar a cavidade oral todo o tempo, movimentando a língua e descobrindo sons novos. Na fase seguinte, que vai de 2 a 3 anos e é denominada anal, a criança começa a aprender a controlar os esfíncteres, experimentando o prazer de conter as fezes e de liberá-las, de conter seu corpo e soltá-lo, pois seu tônus muscular agora está muito mais desenvolvido que na fase anterior. A terceira fase é a genital, verificada entre os 3 e 5 a 6 anos, onde se estabelece o famoso Complexo de Édipo. Nela a criança começa a explorar seus órgãos genitais e a perceber a diferença entre os sexos, se tocando com freqüência e sempre perguntando aos pais porque são diferentes, porque seus órgãos têm tamanhos diferentes ou formas diferentes. Nesta fase é muito comum que as crianças se toquem, se descubram, interroguem suas diferenças. Podem se voltar para o cuidador do sexo oposto e se afastar do outro. O período de latência ou fase de latência significa, numa linguagem jovial, “dar um tempo” na sexualidade, ou seja, estar atento aos estímulos não sexuais. É a fase de maior desenvolvimento intelectual, da descoberta de novos interesses e costuma compreender a faixa de 6 a 12 anos. Por fim, chegamos à fase genital, que compreende o período da puberdade e adolescência. Nesta, há a reedição do Complexo de Édipo e seu desenvolvimento e reações dependerão de como isso foi vivido na fase fálica. Por isso é importante que os pais sejam orientados para lidar com a sexualidade das crianças da maneira mais natural possível. Nesta fase, como o nome já diz, a predominância é genital, com interesse efetivo no sexo oposto e descoberta do prazer sexual. Aqui o adolescente demonstrará como apreendeu emocionalmente sua infância.
RENATA CUNHA É PSICÓLOGA E COLUNISTA CONVIDADA.
(CRP Nº05/39083)