Conteúdo Saúde | Beleza, Moda, Estética e Comportamento - Medo de falar em público: Apenas timidez ou um caso de fobia social?

Patrícia Werneck: Para algumas pessoas tímidas, falar em público provoca muita ansiedade e medo. Por um lado, sentir-se ansioso frente a algumas situações sociais é uma manifestação normal e até mesmo adaptativa, uma vez que permite às pessoas ter um comportamento adequado em interações sociais importantes. Por outro lado, se a ansiedade social é muito intensa, continua após um tempo de interação e ainda interfere no funcionamento social, causando prejuízos na vida pessoal e profissional, ela é chamada de transtorno de ansiedade social ou fobia social. A fobia social é um transtorno de ansiedade descrito como altamente prevalente na população geral e que se caracteriza basicamente por um medo elevado e persistente de situações sociais ou de desempenho, onde o indivíduo teme ser avaliado de forma negativa por outras pessoas. Em geral, a ansiedade é acompanhada por manifestações físicas, como: rubor, sudorese, palpitação e tremor das mãos ou da fala. Por ter medo de ser visto se comportando de forma humilhante ou embaraçosa, devido à demonstração de ansiedade ou mau desempenho, o indivíduo passa a se esquivar de situações desconfortáveis, o que interfere significativamente na sua qualidade de vida, podendo limitar as possibilidades de sucesso profissional, pela escolha de um emprego menos qualificado, ou até mesmo trazer prejuízos em sua vida afetiva, pelo medo de ser rejeitado em relações de namoro e amizade. Frequentemente, a pessoa que tem fobia social teme situações de desempenho como: falar em público, comer e beber na frente dos outros, utilizar um banheiro público e entrar em uma sala onde já existam pessoas sentadas. Já as situações de interação mais temidas incluem: conversar ao telefone, falar com estranhos, participar de reuniões sociais, interagir com o sexo oposto, lidar com figuras de autoridade, devolver mercadoria em uma loja e manter contato ocular com pessoas não familiares. A maioria dos estudos tem apontado que o transtorno de ansiedade social tem início na adolescência, sendo muito rara observá-la a partir de 25 anos. Entretanto, embora o diagnóstico da fobia social ocorra com maior freqüência no começo da idade adulta, seu início se manifesta muitos anos antes e pode ser precedido de certas características de personalidade, as quais constituem risco para esse tipo de transtorno. Alguns fatores de desenvolvimento, como os familiares, os de temperamento, os distúrbios na auto-estima e os processos de socialização existiriam tanto para os indivíduos tímidos, como para os que manifestam sintomas de fobia social. A fobia social pode ser caracterizada como generalizada ou circunscrita, dependendo da quantidade ou diversidade das situações sociais temidas. Indivíduos com esse transtorno, independentemente da faixa etária, têm maior risco de apresentar outros diagnósticos psiquiátricos como transtorno de ansiedade generalizada (TAG), depressão, fobia específica e dependência de substâncias psicoativas como álcool e tranqüilizantes. Além disso, alguns apresentam características do transtorno evitativo de personalidade (TEP), considerado por alguns autores como a forma mais grave da doença, com maior duração e de número e variedade de situações. O tratamento compreende psicoterapia ou uso de medicamentos ou ambos. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é a forma de psicoterapia que mais tem sido eficaz para a cura do transtorno, pois tem promovido resultados significativos que são mantidos após o término da terapia. Dependendo da gravidade da fobia social, do grau de esquiva e da disponibilidade do paciente, indica-se terapia grupal ou o formato individual.