Quais são os principais sinais e sintomas da dependência química? Como a família ou a própria pessoa pode detectar que sofre desse mal? E como funciona o acompanhamento psicológico nesse caso?
Precisamos deixar claro que nem todas as pessoas que fazem uso de drogas na sua vida vai se tornar dependente. O problema desta questão é que todo dependente (cerca de 15% da população), um dia foi usuário, e como a dependência química é uma doença progressiva, ela vai tomando conta da vida do dependente.
Podemos identificar quando uma pessoa esta se tornando dependente quando ela tem pelo menos três destes critérios no ultimo ano, segundo o CID10:
Um forte desejo ou compulsão para consumir a substância, há um desejo e um não vitorioso esforço para parar de usar a droga;
Dificuldade em controlar o uso da substância no início e término e também nos níveis de consumo;
Necessidade de mais dose da substância para atingir o mesmo efeito (tolerância);
Abandono progressivo dos prazeres ou interesses alternativos (por ex: repetição de ano na escola, envolvimento com polícia, agressões físicas com familiares, acidentes de trânsito, etc);
Estado de abstinência fisiológica ou necessidade de usar a droga para cessar o mal estar;
Persistência do uso da droga mesmo com clara evidência de seu uso nocivo
Normalmente a família é a primeira a detectar o problema. Como a dependência química é a doença da negação, o dependente nega que tenha problemas ou que esteja vivendo mal, chegando a mentir e ser desonesto, e também nega receber ajuda.
É muito comum ouvirmos relatos do tipo “quando eu quiser eu paro de usar”. Há também uma tendência a colocar a responsabilidade da situação em outra pessoa, por exemplo:
“- me drogo porque meus pais não me amam.”
No comportamento do dependente há também uma tendência a racionalização, ou seja, cria-se justificativas para se continuar a usar a droga. Exemplo:
“- Eu não queria beber, mas encontrei um amigo que estava com muitos problemas e me chamou pra tomar uma 'cervejinha e dai não pude negar, tive que dar uma força pra ele, ...”
O acompanhamento psicológico é necessário para o dependente e para a sua família, pois todos sofrem com a doença. Geralmente o tratamento é multidisciplinar, envolvendo psicólogos, terapeutas de família, psiquiatras e grupos de mútua-ajuda (AA e NA).
Em determinadas situações a família é a primeira a receber tratamento e com isso consegue ajudar o dependente a aceitar ajuda. A dependência química é uma doença primária grave, crônica, de determinação fatal, mas que pode ser controlada. Para isso é necessário ter como objetivo a abstinência, mudança do seu estilo de vida, e agregação. Não é uma caminhada fácil, mas é possível! E o primeiro passo é pedir ajuda!
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