Como reparar os danos causados pelo abuso sexual na infância?
Publicado por: Luiza Medeiros em 16/5/2011
Categoria: Psicologia
 
Em casos de violência sexual na infância, o adulto que deveria preservar a segurança e a dignidade da criança, usa da relação estreita que tem com ela e se aproveita da confiança e do seu poder físico e emocional para se aproximar e satisfazer suas próprias necessidades, praticando atos sexuais que a criança considera inicialmente como de demonstrações afetivas e de interesse. Porém, quando por qualquer motivo o agressor entende que a criança começa a compreender seus atos como abusivos ou, ao menos, como anormais “tenta” inverter os papéis, acusando-a de ter aceitado seus “carinhos”. Além disso, pode haver sentimento de culpa da criança por experimentar de algum prazer físico numa situação que é geralmente aversiva.

Neste contexto, as crianças têm receio de compartilhar o que se passou com elas e podem guardar esse segredo até a idade adulta, quando o que não foi revelado fica presente, através de sintomas físicos, emocionais e comportamentais. É neste momento que a maioria das vítimas busca atendimento psicológico. Normalmente o que as traz ao tratamento não é o abuso sofrido, mas suas consequências. É pouco comum que essas pessoas construam logo no início do processo terapêutico uma conexão clara entre a violência sofrida e a queixa que as trouxe ao tratamento.
A complexidade, neste tipo de caso, é grande e o prognóstico varia de pessoa para pessoa. O adulto permanece com medo do desamparo e é comum que inicie a terapia tendo algumas ressalvas em relação a capacidade do terapeuta acolher e suportar sua dor . É essencial para o terapeuta estabelecer uma relação sólida e profunda com este tipo de cliente. É importante lembrar que essa pessoa passou na infância por uma forte vivência de ausência de respeito e por experiências de abuso de confiança e poder. É necessário oferecer um espaço onde a pessoa se sinta segura e protegida. Ela precisa estar confortável para mergulhar neste processo doloroso que pode trazer a tona muita confusão e uma mistura de sentimentos em relação ao acontecimento em si e a todos aqueles envolvidos no (s) episódio (s).
O tratamento psicoterapêutico é valioso e eficiente e ajuda o cliente a se dar conta das conexões entre a queixa que os motivou a iniciar a psicoterapia e o abuso sofrido na infância (que muitas vezes está apagado de sua memória). É útil o uso de recursos lúdicos e criativos que facilitam e tornam possível o encontro do adulto com sua criança interior. O retorno a infância permite a re-significação das cenas infantis no aqui e agora da terapia e possibilitam o contato do cliente com sua fragilidade e vulnerabilidade infantil. Esse processo é bem sucedido quando: o cliente toma consciência de sua história, faz contato com suas antigas feridas, aceita emocionalmente que a “sua criança” não é responsável pela violência praticada pelo adulto e assim se abre emocionalmente para encontrar novos caminhos em direção a uma maior fluidez em sua vida.


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