A Depressão é apontada pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como a quinta maior questão de saúde pública do mundo e até 2020 deverá estar em segundo lugar. Ainda segundo a OMS, a depressão afeta cerca de 340 milhões de pessoas e causa 850 mil suicídios por ano em todo o mundo. No Brasil, são cerca de 13 milhões de depressivos. Estima-se que cerca de 15 a 20% da população mundial, em algum momento da vida, sofreram de depressão.
Depois de muita polêmica sobre as causas da depressão, parece que a maioria dos pesquisadores, e das mais diversas tendências ideológicas e científicas, finalmente fala num consenso: a depressão teria uma origem bio-psico-social. Traduzindo, isso quer dizer que a depressão teria uma origem tríplice: biológica, psicológica e social.
Essa posição conciliatória satisfaz tanto os pesquisadores mais organicistas, cujo foco são as causas genéticas e biológicas (neurotransmissores e neuroreceptores), satisfaz também o discurso dos antropólogos e sociólogos que consideram a causa da doença como sendo sócio-cultural (convivência e relacionamentos) e, finalmente, agrada aos psicólogos e psicanalistas, que priorizam os complexos, traumas, conflitos psíquicos e frustrações.
Como a dor física, a depressão serve para sinalizar que existe um problema a ser resolvido. Por que os trabalhadores entram em greve? Ora, porque não estão satisfeitos. Acontece o mesmo com o nosso aparelho psíquico quando sofremos de depressão. Trata-se de um ultimato, um pedido de socorro para que mudemos o que está nos prejudicando.
É claro que a depressão em si não é uma coisa boa, mas o modo como lidamos com ela pode ser de alguma forma benéfico. Muitas pessoas que enfrentaram e superaram a depressão afirmam ter tido uma oportunidade única de rever e reler suas vidas de uma maneira mais positiva e se tornar uma pessoa melhor. Se não fosse pela depressão, muitos teriam mantido escolhas que fariam de suas vidas algo medíocre. Na hora em que você está mal, esse papo de que a depressão tem lado bom não faz sentido: só se consegue enxergar aspectos positivos na depressão quando a pessoa começa a se tratar.
Defender que a depressão tem seu lado bom não significa dizer que seus portadores não precisam de tratamento. Muito menos que devam sofrer indefinidamente à espera de supostos benefícios da doença. É praticamente consenso, hoje em dia, que a Psicoterapia (junto com a medicação, nos casos mais graves), é a mais poderosa aliada no processo de superação da depressão, proporcionando autoconhecimento e trazendo à luz as causas mais obscuras e ocultas dos sintomas depressivos.
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