Reabilitação Física no equilíbrio corporal para Idosos
Publicado por: Mônica Cortez Marcellos em 14/6/2012
Categoria: Fisioterapia
Conteúdo Saúde: Como é feita a avaliação do equilíbrio corporal do idoso?
Monica Cortez Marcellos: Essa avaliação/entrevista é feita de forma dinâmica e interativa, pois existe um olhar diferenciado em relação ao Equilíbrio Corporal, à estrutura corporal (musculo-esquelética), ao aspecto cognitivo (o entendimento, a percepção e a compreensão de si) e ao estado psicoemocional, em que se encontra a pessoa. A partir daí, se estabelece um programa de tratamento, baseado nas principais queixas do idoso e principalmente, no que foi detectado no ato da avaliação, através das situações e dos movimentos propostos que, de forma conjunta possam despertar a consciência da realidade, de como o corpo se encontra e do que realmente está necessitando. Também objetiva-se fazer o idoso entrar em contato com as infinitas possibilidades de uma nova postura (interna e externa) diante da vida, pois vivenciará em seu corpo, já nesse primeiro encontro, essas possibilidades.
Conteúdo Saúde: Como funciona a Reabilitação física no equilíbrio corporal?
Monica Cortez Marcellos: É uma proposta nova de Reabilitação Física, um olhar diferenciado sobre as doenças e os diagnósticos estáticos e fixos. Como partimos de um princípio dinâmico, mutável e interativo estabelecemos, desde a avaliação, a “crença” de que quem “manda” é o cérebro, o qual tem a vontade e a disponibilidade para um QUERER. Digo isso pela minha experiência de mais de 20 anos com esta faixa etária: é fundamental a vontade da pessoas e, em contrapartida, também o são a credibilidade e a sustentação que o profissional possa oferecer, incentivando e estimulando, através de seus conhecimentos (principalmente, tendo por base a crença nas infinitas possibilidades que residem dentro de cada ser humano). Desse ponto de partida, nenhuma artrose é definitiva e igual. Nem o grau de extensão é fator determinante, mas, sim, um fator de precaução. Minha experiência mostrou-me que, em um caso de um diagnóstico moderado-grave, a paciente demostrava ter sintomatologia leve, sem bloqueios ou dores acentuadas. Por outro lado, em casos com diagnósticos leves, os pacientes tinham grande comprometimentos articulares e dores intensas e limitantes. Fazendo um profundo estudo sobre esses comportamentos psico-fisicos pude fundamentar a idéia de que nosso cérebro ainda tem muito a nos revelar, e que residem dentro de cada pessoa, infinitas possibilidades que necessitam , por vezes , de estímulos, credibilidade, confiança e, acima de tudo, de serem respeitadas. Todos temos o direito a ter uma qualidade de vida em qualquer idade devendo-se levar em conta a maneira como é tratada a idade avançada.
Conteúdo Saúde: Pessoas com mais de 80 anos tem a possibilidade de ter uma vida motora “normal”?
Monica Cortez Marcellos: Afirmarei para vocês e é o que digo a todos que me procuram: com certeza, aos 82 anos estarás melhor que aos 80, a partir desta tomada de consciência e da decisão de sair do “piloto automático” em busca de uma nova “postura” psico-fisica diante da vida...Contarei uma breve historinha p/ elucidar esta afirmação.
“Recentemente recebi um telefonema de um sobrinho de uma senhora de 87 anos que estava necessitando de uma orientação, pois estava sofrendo de muitas dores nos dois joelhos (a idade avançada já me despertou o interesse). O sobrinho complementou ainda que ela morava em Botafogo e estava com muitas dificuldades para continuar a frequentar as reuniões de estudos de Logosofia, as quais ela frequenta há mais de 50 anos (continuava indo de táxi, mesmo sendo a um quarteirão de distância)...Respondi ao telefone:
-.Senhor, diante destes relatos não tenho mais como dizer “não posso”. Como já havia dito, a idade já é de meu interesse e, com essa VONTADE toda, com essa “postura” frente à sua vida... é isto o que sempre tento resgatar antes mesmo da reabilitação. O que está faltando é uma orientação adequada sobre a biomecânica (que provavelmente nunca lhe deram, pois não teria chegado a esse ponto, salvo em situações congênitas/hereditárias), uma vez que sei que os melhores resultados e respostas (rápidas) estão profundamente relacionadas à disponibilidade de um QUERER.
É claro que fui vê-la, e é óbvio que a resposta se deu rapidamente (em cinco atendimentos, já tinha relatos de conseguir dormir à noite toda, situação que não vinha acontecendo há anos a contento)... Temos muito trabalho, mas, ela já ganhou a confiança e a credibilidade de que, a partir de agora, sua situação estará melhor mais adiante, ressignificando a crença de que com “mais idade pior se fica”...
Conteúdo Saúde: Com o passar do tempo o idoso depara-se com limitações naturais. Como fazer que um idoso lúcido retome suas habilidades motoras?
Monica Cortez Marcellos: Vou utilizar essas duas palavras chaves: “com o passar do tempo” e “limitações naturais”. Gostaria de esclarecer que somos diferentes das matérias inertes, não somos iguais a um pedaço de madeira, a um tijolo, os quais, expostos ao tempo, acabam perecendo. Somos seres orgânicos, com renovações celulares a cada instante.
Todos sabemos do aumento da estimativa de tempo do ser humano, com a evolução da medicina, das pesquisas cientificas e, paralelamente, das empíricas. As perspectivas de vida têm se alterado ao longo desses anos. Isso já nos mostra o quanto podemos intervir nesse “passar dos anos”, “nas limitações naturais” Devemos ampliar esse olhar e perceber de que maneira encaramos nossas limitações, pois, desde cedo, nós, seres humanos, somos postos a nos confrontar com limitações as mais variadas, sob vários aspectos em nossas vidas. Devemos realmente fazer a pergunta: o que é NATURAL?
Tal pergunta nos possibilitará acolher, ressignificar tais limitações e entender como realmente devemos AGIR, INTERVIR, numa tomada de decisão a respeito de superar tais limitações, consideradas “não naturais” pela pessoa. É sob essa perspectiva que entra o Equilíbrio corporal, dando um suporte, oferecendo diversas alternativas nesse processo de ressignifição, confrontação, transformação e acolhimento (...)
MÔNICA CORTEZ MARCELLOS É FISIOTERAPEUTA E COLUNISTA CONVIDADA.
( CREFITO: 13263-F)


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