Alessandro Carvalho é Fisioterapeuta e Pesquisador do Laboratório de Neurociência do Exercício – LaNex, Mestrando em Saúde Mental pelo Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro e responsável pela pesquisa “Efeito do Treinamento Aeróbio e de Força nas Respostas Eletroencefalográficas, Cognitivas e Funcionais na doença de Parkinson” realizada em parceria com o Instituto de Neurologia Deolindo Couto da UFRJ.
Ele nos diz que a doença de Parkinson é classificada como uma desordem do movimento em função de seus sinais cardinais, a bradicinesia (lentificação dos movimentos), o tremor, a rigidez e a instabilidade postural. O tratamento médico tem como objetivo a reposição dos níveis do neurotransmissor dopamina numa área do cérebro denominada substância negra compacta localizada numa estrutura central chamada de núcleos da base. Medicamentos e alguns procedimentos cirúrgicos vêm até o presente momento diminuindo alguns dos sintomas e garantindo assim a qualidade de vida dos pacientes, porém em longo prazo alguns efeitos colaterais são notados. Neste contexto, nos últimos 20 anos cresceu o número de pesquisas sobre o efeito de intervenções não farmacológicas no tratamento dos sintomas da doença de Parkinson, dentre elas os efeitos do exercício físico. E é aí que entra o fisioterapeuta.
Em parkinsonianos, a prática de diferentes modalidades de exercícios físicos como caminhada, corrida, treinamento de força, exercícios funcionais, fisioterapia e o treinamento vibratório estão relacionados à redução do risco de quedas, melhora do desempenho motor, do equilíbrio e da marcha, além de promover benefícios à saúde mental e a cognição. Embora os mecanismos de resposta ao exercício ainda estejam sendo investigados, os estudos científicos demonstram que a prática de atividade física voluntária e o treinamento regular com exercícios físicos influenciam na plasticidade cerebral favorecendo repostas neuroregenerativas, neuroadaptativas e neuroprotetoras mediadas pela liberação de fatores de crescimento no cérebro como o BDNF (fator neurotrófico derivado do cérebro) e o VEGF (fator de crescimento vascular endotelial), e pela redução do estresse oxidativo e da produção de espécies reativas de oxigênio (ROS).
Mediante esses possíveis benefícios do exercício e da atividade física para os parkinsonianos, o trabalho de fisioterapeutas assim como o de educadores físicos se faz cada dia mais fundamental. O fisioterapeuta deve estabelecer e supervisionar uma rotina de exercícios com seu pacientes que inclua o exercício aeróbio (esteira, caminhada, pedalada, etc.), o fortalecimento muscular, a utilização de pistas visuais e auditivas, treinamento de flexibilidade, exercícios de equilíbrio e o treinamento da marcha.
Como ainda não há uma cura para a doença de Parkinson, o objetivo principal dos profissionais envolvidos no tratamento desta doença deve ser o de “estacionar” a progressão da doença através de intervenções que promovam a melhora da qualidade de vida e da saúde desses pacientes. Neste sentido o fisioterapeuta tem muito a contribuir, sem sombra de dúvidas.
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Comentários
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Parabéns! pela matéria achei muito bacana. Gostaria de saber se a fisioterapia iniciada no começo da doença de Parkinson tem mas resultados,do que iniciada depois de algum tempo já com a doença?