Estresse e uso de drogas ilícitas podem causar arritmia cardíaca
Publicado por: Leila Pastore em 21/1/2013
Categoria: Cardiologia
Conteúdo Saúde: Muitos brasileiros e pessoas pelo mundo sofrem com a chamada Arritmia Cardíaca. Explique para os nossos leitores o que é arritmia cardíaca?
Dra. Leila Maria: Arritmia Cardíaca é um termo genérico que se refere a qualquer distúrbio no ritmo cardíaco, ou seja, é decorrente de uma alteração no compasso normal dos batimentos do coração. Logo após a concepção, o coração começa a se desenvolver no embrião e, conseqüentemente, inicia seus batimentos, com uma freqüência em torno de 120 vezes por minuto. À medida que envelhecemos, os batimentos reduzem-se para cerca de 80 batimentos por minuto. Contudo, ao longo da vida, por diferentes causas, podemos ter uma redução ou aumento inapropriado do número destes batimentos ou descompassos episódicos e irregulares. Quando os batimentos estão muito acelerados, damos o nome a esse processo de taquicardia. Já quando há o alentecimento(desaceleração) chama-se de bradicardia.
 
ELETROCARDIOGRAMA NORMAL
TAQUICARDIA
BRADICARDIA
Conteúdo Saúde: Nos dias de hoje, o mundo é caracterizado por um excesso de informação vinda de todas as partes. Este fato gera o chamado estresse em muitas pessoas. O Estresse pode desenvolver uma Arritmia Cardíaca?
Dra. Leila Maria: Com certeza. O estresse físico e o mental podem levar a vários tipos de sintomas e alterações orgânicas. Algumas vezes, podem resultar em batimentos irregulares. Contudo, o mais comum é que um paciente submetido a um regime de estresse contínuo desenvolva doenças ao longo da vida e estas, sim é que provocariam as arritmias cardíacas. Por exemplo: a hipercolesterolemia (aumento do nível de colesterol no sangue), associada ao sedentarismo e estresse, pode levar a aterosclerose coronariana (depósito de gordura nas paredes das artérias coronárias) e resultar em extrassistolia cardíaca, que são batimentos cardíacos antes do tempo regular.
Conteúdo Saúde: E com relação ao uso de drogas como, por exemplo, a cocaína e a anfetamina, podem ocasionar arritmia cardíaca?
Dra. Leila Maria: O uso de cocaína, comprovadamente, pode levar a vários tipos de arritmias e até mesmo à fibrilação ventricular, que é um tipo de arritmia maligna que culmina com a parada cardíaca. A cocaína tem efeitos diretos e indiretos sobre o coração, podendo levar ao Infarto Agudo do Miocárdio por provocar a contração dos vasos coronarianos que são responsáveis pela irrigação do tecido cardíaco e por aumentar a freqüência cardíaca, o que eleva a demanda metabólica. A anfetamina também leva à taquicardia e a extrassístoles, além de poder desencadear arritmias mais graves, ditas malignas, mesmo em pessoas previamente saudáveis.
Conteúdo Saúde: Muitas pessoas relatam ter a sensação de que o coração pulou uma batida ou está batendo muito forte. Isto pode ser arritmia?
Dra. Leila Maria: Sim, a sensação de arritmia é extremamente subjetiva e variável, sendo muitas vezes assintomática. Contudo, é sempre uma sensação ruim e de que nosso coração parou de bater por alguns segundos. Em geral, é bastante incômoda. No entanto, vale ressaltar que a intensidade dos sintomas nem sempre se correlaciona com a gravidade da arritmia.
Conteúdo Saúde: Quais são os sintomas mais comuns de quem sofre com arritmia cardíaca?
Dra. Leila Maria: Palpitação (sensação de coração disparado no peito), falhas nos batimentos no pulso, tontura, escurecimento visual, cansaço, falta de ar, fraqueza, sensação de aceleração do coração, percepção dos batimentos em fúrcula esternal (base do pescoço), sudorese profusa e desmaio são exemplos mais frequentes de sintomas da arritmia.
Conteúdo Saúde: Quando seria o melhor momento de nossos leitores procurarem um cardiologista?
Dra. Leila Maria: Além da necessidade de um “check-up” anual, é necessário procurar um cardiologista sempre que surgirem sintomas semelhantes aos descritos acima. Além disso, como existem doenças genéticas que muitas vezes não apresentam qualquer sintoma, todos, pelo menos uma vez ao ano, devem fazer uma visita a um cardiologista.
Conteúdo Saúde: E com relação à prevenção, existe algo que possa ser feito para evitarmos a arritmia cardíaca?
Dra. Leila Maria: A prevenção de arritmias é extremamente complexa, uma vez que estas podem ser de origem genética, metabólica, endócrina ou decorrentes de inúmeras outras causas, tais como uso de medicamentos, de drogas lícitas ou ilícitas e alterações orgânicas. Como regra geral, devem ser adotados hábitos saudáveis, evitando o sedentarismo e restringindo a ingestão de colesterol e sal. Além disso, deve-se controlar a pressão arterial e a diabetes; evitar obesidade e o uso de substâncias ilícitas e de fármacos sabidamente causadores de arritmia, sem indicação médica, como por exemplo a efedrina, presente em descongestionantes nasais. Embora seja recomendável atividade física, esta deve ser precedida de avaliação médica. A realização de um simples eletrocardiograma pode permitir o diagnóstico precoce de algumas doenças genéticas que produzem arritmias que atualmente podem ser curadas através de um estudo do sistema elétrico do coração, chamado de estudo eletrofisiológico. Atualmente, em alguns casos muito específicos, como em portadores de doenças cardíacas que podem levar a morte súbita, está indicado o uso de desfibriladores cardíacos implantáveis. São dispositivos eletrônicos que monitoram os batimentos cardíacos. Caso detectem algum tipo de arritmia maligna, disparam um choque elétrico a fim de abortar a parada cardíaca. A necessidade do uso destes dispositivos deve ser feita após avaliação por cardiologista especializado em arritmias e estimulação cardíaca artificial, uma vez que, requer acompanhamento contínuo após implantado.
DESFIBRILADOR CARDÍACO
LEILA PASTORE É CARDIOLOGISTA E COLUNISTA CONVIDADA.
(CRM: 5261330-7)


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