Muitas mulheres sofrem com algumas dificuldades após o parto.
Caroline Atkinson: Quando uma família se prepara para a chegada de um novo membro, é preciso checar se algumas variáveis foram minimamente faladas entre os parceiros, o casal. Sabemos que a chegada de uma criança envolve bem mais que as mudanças físicas na casa, preparo do enxoval ou o corre-corre da busca por todos os itens que o pequeno irá precisar. A mãe, principalmente ela, é a que mais se sensibiliza com todas as transformações. O bombardeio hormonal, a transformação no corpo, a possível mudança no relacionamento do casal são fatores a serem esperados e devidamente trabalhados pela futura mãe e pelo casal. Somado a isto, temos questões do ponto de vista emocional que devem ser tratadas com muita atenção. Devemos ficar atentos se a futura mamãe já teve antecedentes em que se sentiu triste, isolada e com dificuldade para lidar com novas situações. Precisamos entender que uma depressão que pode vir a se desencadear depois do nascimento do bebê, possivelmente teve indícios bem antes de sua chegada. Não devemos fazer o peso cair nem sobre a maternidade, nem sobre a mãe fragilizada. Devemos justamente verificar questões importantes como a responsabilidade que ela está atribuindo à nova tarefa, a mudança do status de filha para o lugar de mãe, a responsabilidade com a educação e os cuidados, a alteração em seu corpo devido à gestação, a amamentação e o quanto a mãe está dividindo as atribuições do cuidado com o pai, o que é bastante importante. Esta fase logo após os três trimestres da gestação também é chamada de puerpério, onde um pequeno “estranhamento” com a nova situação e até mesmo com o pequeno bebê, são bem comuns. Sentimentos de tristeza também são possíveis frente a todas as transformações e responsabilidades. Nosso foco deve se voltar para o quanto estes duram, bem como a sua intensidade. Após as primeiras semanas esperamos que a rotina dos pais com o novo bebê já esteja minimamente estabelecida. Se perceberem dificuldades, não hesitem em pedir ajuda, seja com quem já passou pela experiência da maternidade ou, com certeza, para profissionais de saúde que estão aptos para ajudar a família a lidar melhor com o novo desafio.
CAROLINE ATKINSON É PSICÓLOGA E COLUNISTA CONVIDADA.
(CRP: 05/39616)
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