“As complicações do diabetes mellitus podem atingir vários órgãos e tecidos do corpo humano e, dentre elas, as mais comuns são aquelas que atingem os pés: a microangiopatia e a neuropatia”
Ana Monteiro: O diabetes mellitus é uma doença metabólica, caracterizada por níveis elevados de glicose no sangue (hiperglicemia), resultante de defeitos na secreção do hormônio insulina pelo pâncreas e / ou na sua ação. As complicações do diabetes mellitus podem atingir vários órgãos e tecidos do corpo humano e, dentre elas, as mais comuns são aquelas que atingem os pés: a microangiopatia e a neuropatia. A microangiopatia é uma alteração vascular periférica que se caracteriza por uma diminuição da circulação sanguínea nos pequenos vasos, devido a um enrijecimento de suas paredes, o que pode levar a uma isquemia (falta de circulação sanguínea) local. Já a neuropatia é uma complicação que acomete o sistema nervoso periférico, ocasionando uma diminuição da sensibilidade dolorosa e térmica e o surgimento de deformidades articulares nos pés. A diminuição da circulação sanguínea nos pés, a falta de sensibilidade e a presença de deformidades formam um quadro clínico complexo ao qual chamamos de “Pé Diabético”. Tal quadro, se não cuidado, pode levar ao surgimento de lesões e, até mesmo, à necessidade de uma amputação. Para amenizar tais complicações, ou até mesmo evita-las, é preciso que o indivíduo diabético tenha uma série de cuidados com os seus pés, tais como: lavar os pés diariamente com água e sabão, evitando os extremos de temperatura, e seca-los muito bem, principalmente entre os dedos; aplicar hidratante (de preferência creme de uréia 10%) nos pés (dorso e planta), antes de dormir, exceto entre os dedos; cortar as unhas de forma reta, sem cortar os cantos (apenas lixa-los); observar diariamente os pés, em busca de lesões, rachaduras, calosidades, micoses, ou alterações na cor da pele, usando um espelho ou pedindo ajuda a outra pessoa, caso tenha dificuldades em fazê-lo sozinho; usar sempre meias limpas, de preferência de lã ou de algodão, pois as meias feitas de material sintético, como por exemplo o nylon, aquecem muito os pés e dificultam a absorção do suor, favorecendo o aparecimento de micoses; comprar calçados novos sempre no período da tarde, quando os pés estão mais “inchados”, experimentando-os neste momento, para que eles não fiquem apertados posteriormente; usar sempre calçados confortáveis, sem tiras, bico fino ou saltos muito altos e, de preferência, macios, para evitar o surgimento de calosidades ou flictenas (bolhas); nunca andar descalço ou usar sandálias de dedo (dar preferência a sandálias de velcro, que podem ser reguladas, ou tênis, desde que com meias); sempre examinar o interior dos sapatos antes de calçá-los, verificando se não há nada dentro deles que possa eventualmente pressionar e machucar os pés, como, por exemplo, tachinhas, peças de brinquedo ou insetos; não mexer, nem tentar remover com tesouras, lixas, ou qualquer outro objeto cortante, calos e “unhas encravadas”; e, por fim, procurar, o mais rápido possível, ajuda de um profissional experiente no assunto (seja médico, enfermeiro, podólogo), caso perceba quaisquer alterações ou anormalidades com os pés.
ANA MONTEIRO É ENFERMEIRA E COLUNISTA CONVIDADA.
(COREN-RJ:85820)