Manuel Lopes: O acidente vascular cerebral (AVC) pode ser definido como déficit neurológico agudo devido a uma lesão vascular. A maioria dos sobreviventes exibirá incapacidades residuais significativas, o que faz do AVC a primeira causa de incapacidade funcional no mundo ocidental. A National Stroke Association estima que 730.000 casos, novos ou repetidos, ocorram a cada ano nos Estados Unidos. Pacientes que sofrem um acidente vascular cerebral (AVC) podem apresentar déficits de inúmeros tipos e combinações, incluindo alterações sensoriais, sensitivas, motoras, de comunicação ou cognitivas.
Tradicionalmente, o tratamento dos pacientes que sobrevivem a um AVC enfatiza a reabilitação baseada nos déficits neurológicos primários como fraqueza muscular, perda da coordenação motora, desequilíbrio e atividades com tarefas orientadas funcionais para os membros, caso da Terapia de restrição e indução do movimento (TRIM), Prática mental e estimulação elétrica funcional, todas abordagens com recente destaque na literatura científica especializada.
Além disso, já que a maioria dos AVC é causada por doença vascular, esses pacientes tendem a mostrar alterações nas respostas fisiológicas ao exercício agudo com grande limitação de sua capacidade aeróbica traduzida pelo reduzido VO2 máximo (consumo máximo de oxigênio) com impacto funcional direto na deambulação e nas atividades de vida diária com aumento da demanda de oxigênio pelo miocárdio.
Pacientes hemiplégicos (com seqüelas motoras do AVC) apresentam baixa tolerância ao exercício, decorrentes da reduzida capacidade aeróbia e um aumento do gasto energético durante a realização de qualquer atividade. Tal alteração contribui para o prejuízo motor, funcional e social, tendendo o paciente a ficar cada vez mais sedentário e isolado socialmente. O pico de consumo máximo de oxigênio dos pacientes com AVC é inferior ao necessário para realizar uma série de atividades de vida diária (AVD). Por isso, recentemente, a literatura especializada passou a dar muita importância para o treinamento de condicionamento físico nesses pacientes. Estudos mostram que hemiplégicos crônicos são capazes de aumentar a capacidade aeróbia quando submetidos a treinamento apropriado e que diversas modalidades de exercício podem melhorar o condicionamento após AVC.
Portanto, embora o AVC cause um grande impacto na vida do paciente, já existem diversas abordagens de reabilitação para reestabelecer a autonomia e um bom grau de independência dessas pessoas.