Uma das dúvidas mais comuns entre os freqüentadores de academias de ginástica ou mesmo de quem vai procurar um treinamento personalizado é com relação ao confronto das atividades aeróbicas com a musculação.
O que fazer primeiro? Depois da musculação prejudica o trabalho de hipertrofia? Antes serve de aquecimento?E eu se não fizer? Caso eu queira emagrecer, o que fazer primeiro?
Em primeiro lugar é preciso estabelecer qual é o objetivo do cliente. Se for emagrecimento as duas atividades são bem vindas em qualquer ordem porque o valor nessa questão é o balanço calórico negativo. Ou seja, a ordem é queimar calorias. É preciso ainda lembrar que a própria musculação por si só também emagrece contribuindo não só com a diminuição do percentual de gordura como também o aumento da massa muscular. A explicação é bem simples: os anaeróbicos como a musculação, emagrecem na mesma proporção. A diferença é que na hora do exercício o corpo utiliza o glicogênio muscular como principal fonte de energia. Depois tem que repor e vai buscar nas gorduras proporcionando o emagrecimento. Os exercícios anaeróbios propiciam emagrecimento no período pós-exercícios, quando toda atividade metabólica de síntese protéica e glicídica ocorrem às custas de energia aeróbia proveniente, na sua maior parte, dos ácidos graxos do tecido adiposo.
Outro fato é que o aumento da massa muscular acelera o metabolismo basal, fazendo em longo prazo o corpo gastar mais energia parado. Podemos observar que os praticantes de fisiculturismo têm um percentual de gordura tão baixo quanto os atletas de alto rendimento. Portanto, para emagrecer, tanto faz o aluno/cliente ir para a esteira, bicicleta ou transport antes ou depois da musculação ou mesmo dividir aeróbico antes e depois. Agora, se o objetivo for musculação visando hipertrofia ou desenvolvimento de força, o questionamento pode mudar. Vai depender muito da intensidade e duração da atividade aeróbica antes ou após a musculação.
As pesquisas mostram resultados, até benéficos, quando essa atividade não passa de 20 minutos com uma intensidade baixa, 40 a 60% da Freqüência Cardíaca Máxima. Uma intensidade mais alta ou duração maior, a solicitação motora pode ser contraditória ao desenvolvimento da força ocorrendo o que se conhece em Fisiologia por catabolismo. Existem trabalhos comparando atividade aeróbia de 20 com 40 minutos sendo favorável à primeira hipótese. Veja as conclusões de estudos de treinamento simultâneo citado por Fleck, 99:
1) A força muscular pode ser comprometida, especialmente em ações musculares de alta velocidade, pela execução de treinamento de endurance de alta intensidade.
2) A potência muscular pode ser comprometida pela execução simultânea de treinamento de força e de endurance. 3) O desempenho anaeróbio pode ser negativamente afetado pelo treinamento de endurance de alta intensidade.
4) O consumo máximo de oxigênio não é comprometido pela ação simultânea de treinamento de força e endurance.
5) A endurance não é afetada negativamente pelo treinamento simultâneo.
Outro fato a ser levado em conta quanto por onde começar é a prioridade. Se o cliente gosta ou precisa mais da musculação, a seção deve começar por ela podendo inclusive o aquecimento ser feito com exercícios envolvendo várias articulações e grandes grupos musculares com cargas mais leves. Caso o objetivo seja emagrecimento a aeróbico pode vir primeiro.
Leverit et al, 1999, concluiu em seus estudos que os iniciantes parecem sofrer menos com as possíveis variações negativas do treinamento combinado do que pessoas treinadas. Já Bell et al, 1997 deduziu que se comparados adeptos de endurance com os de musculação, o primeiro obtêm melhores resultados.
De qualquer forma, parece que o ponto onde a maioria dos estudos concorda é o volume total do treinamento. Quanto maior ou mais intenso maior a possibilidades de prejuízos. Isso nos leva a concluir que não é nenhum crime prescrever os dois treinamentos conjugados. Mais uma vez vale o conhecimento, experiência aliados ao bom senso