A visão ergonômica traz um novo paradigma que nasce da constatação de que “o ser humano não é uma máquina como todas as outras e sofre de patologias produzidas pelo trabalho.”
A Associação Internacional de Ergonomia (IEA), assim define: ”disciplina científica que trata da compreensão das interações entre os seres humanos e outros elementos de um sistema, e a profissão que aplica teorias, princípios, dados e métodos a projetos que visam aperfeiçoar o bem estar humano e a performance global do sistemas”. (Vidal, 2003). Partindo deste enunciado, Vidal define a ergonomia como sendo a modificação do processo de trabalho com o propósito de ajuste da atividade às possibilidades peculiares de cada sujeito dentro de suas limitações visando a sua eficiência e segurança.
A Análise Ergonômica do Trabalho (AET) como método inscrito na corrente franco-belga tem sua centralidade no operador, ouvindo dele sua real situação de trabalho. O método abrange em sua visão o que ocorre num processo de produção, no uso e no manuseio de produtos e sistemas.
No estudo ergonômico relacionado aos postos e ambiente de trabalho segundo E. Grandjean, as atividades de digitação e as posturas de mãos e braços são similares a tradicional máquina de escrever, porém segundo o mesmo estudioso cabem algumas diferenças. O número de teclas aumentou de 60 para 100 ou mais na maioria dos teclados pela adição das teclas numéricas e das funções especiais. Outra diferença é a velocidade da digitação pela mudança do tipo de teclado e o aumento do número de pessoas que usam com freqüência os mesmos.
Por estas razões mais digitadores são acometidos de fadiga, dores e doenças nos ombros, cotovelos, punhos e mãos.
Do ponto de vista ergonômica, Granjean, recomenda que os teclados possam ser projetados para que os operadores mantenham os punhos em posição neutra, sem desvio ulnar evitando posturas antinaturais das mãos pela redução ou eliminação da torção para dentro ( pronação ) e inclinação lateral (desvio ulnar).
A finalidade então é dispor que as teclas tenham um arranjo melhor adequado ao corpo humano.
Recomenda que seja disposto um apoio de punho macio em frente ao teclado para suporte do antebraço e a mão pelo menos, durante as pausas de digitação, ajudando a manter dessa forma os punhos retos.
Uma questão a ser mencionada é o estresse físico e mental que tem contribuído para que em pouco tempo de trabalho e idade os trabalhadores sofram limitações funcionais incapacitantes .
As atividades de trabalho com base na ciência ocupacional estão voltadas para o estudo da forma, função e significado da ocupação humana e na Terapia Ocupacional enquanto profissão que estuda o homem como ser ocupacional nas atividades do cotidiano, incluindo-se as atividades do universo do trabalho. A prática profissional dos terapeutas ocupacionais se dá pela observação e possibilidades de estabelecer condições saudáveis do trabalhador em relação as suas atividades como um todo.
Os Ergonomistas e os Terapeutas Ocupacionais têm contribuído para a saúde ocupacional dos trabalhadores e nas situações de trabalho pela possibilidade de utilização metodológica da Análise Ergonômica do Trabalho (AET) e da Analise funcional das atividades produtivas, incluídos nesse universo todas as atividades decorrentes do fazer humano, como as Atividades de vida diária, Atividades instrumentais da vida diária, pois falando em especial no caso das mulheres temos uma tripla jornada de trabalho ( tarefas pessoais, domésticas e produtivas) como um instrumento ou ferramenta laboral na área da saúde e trabalho
A análise ergonômica do posto de trabalho e a avaliação na Terapia Ocupacional observam as exigências físicas, cognitivas e organizacionais considerando-se nessa análise junto ao trabalhador a sua tarefa, o modo operandi, os equipamentos e as relações de trabalho.
Na Terapia Ocupacional o contexto social e os papeis do desempenho ocupacional são fundamentais no atendimento ao trabalhador já adoecido, sendo importante o planejamento das análises para o não agravamento e para a prevenção destas doenças. Dessa forma temos a promoção da saúde, por conseguinte a melhoria da produtividade, bem estar e saúde do trabalhador, influenciando na da dinâmica entre o trabalhador e o produto final.
Estudar as atividades dos trabalhadores em situação real de trabalho, avaliar a carga de trabalho e recolher informações dos trabalhadores, ouvindo o que eles têm a dizer sobre as suas condições de trabalho é um dos métodos de avaliação ergonômica e um dos instrumentos básicos da Terapia Ocupacional que analisa a atividade do ponto de vista biopsicossocial . (Lacman, 2004).
Referências :
Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho – DORT
Norma Técnica de Avaliação de Incapacidade para fins de Benefícios Previdenciários
.Grandjean, E; Kroemer,K.H.E. Manual de Ergonomia, Adaptando o Trabalho ao Homem. Porto Alegre ,RS: Bookman,5ed.,2005. p.77-80
.Vidal, Mario César. Guia para Análise Ergonômica do trabalho na Empresa. Rio de Janeiro, RJ. Ed.Virtual Científica, 2003.
.Lacman, Selma. Saúde, Trabalho e Terapia Ocupacional. São Paulo, SP. Rocca,2004.p.72-77.
.Cad. Saúde Pública v.24 nº11. Rio de Janeiro, RJ, nov.2008. Psicologia: Teoria e Pesquisa
.Murta, Giardini Sheila; Tróccoli, Torres Bartolomeu. Psicologia: Teoria e Pesquisa,
V20 nº1, Brasília,janeiro/abril 2004. Avaliação de Intervenção em Estresse Ocupacional
Diagnósticos e Condutas – Manual de procedimentos para os Serviços de Saúde – Ministério da Saúde. Doenças relacionadas ao trabalho.OPS. cap.18. Doenças do Sistema Osteomuscular e do Tecido Conjuntivo Relacionadas com o Trabalho
SIMONE MARIA DE BASTOS É FISIOTERAPEUTA E COLUNISTA CONVIDADA.
(CREFITO: 2/719)
